"Uma longa viagem começa com um único passo."
Lao-TséPartindo do princípio de que esse ano, até então, só tinha me trazido dissabores, dores, decepções e choros, qualquer coisa que eu pudesse fazer pra me tirar do lugar comum, só me faria bem. Foi dessa forma que recebi o convite de minha tia Nadir e minha prima/irmã Renata. É como se nessa viagem, eu fosse encontrar algo muito valioso, que nem eu mesma sabia o que poderia ser. Só tinha essa certeza, dentro de mim, de que seria importante, e de que não seria apenas uma viagem.
Mato Grosso, naquele região em que estive, é riquissimo em cultura diversificada. Canarana é uma cidade que foi colonizada por gaúchos, e abriga de sulenses à indígenas. Por ser cidade muito próxima à Reserva Nacional do Xingu, recebe visitantes inúmeros, desde ricassos anônimos à celebridades, que tem de passar por ali pra chegar à reserva. Além disso, a região é rica em rios, trazendo em todas as épocas do ano pescadores de todas as partes do país, inclusive de outros países também. Levando esses fatores em consideração, é uma cidadezinha que cresce a cada ano, e que está sempre movimentada por um ou outro acontecimento.
Meus familiares moram há mais de dez anos ali, e já tem raízes. Já se adaptaram ao povo, aos costumes, ao tempo árido, aos índios. Desde o momento em que pisei os pés ali, senti uma força maior que me invadiu, primeiramente pela linda recepção de uma parte (e mais importante) de meus familiares e também pela energia que paira naquele lugar. Já me senti rejuvenescida e mais bonita, a partir da chegada.
Nos dias que se seguiram (foram quase vinte ao todo), tive tempo de sobra pra pensar. Pensar em silêncio, eu comigo mesma. Repassar em minha mente acontecimentos, bons e ruins, encontrar respostas, encontrar saídas. A cada passeio eu respirava um novo ar, que me tirava de um estado quase de vegetal em que eu estava antes de ir pra lá.
Sentir-se amada, da forma em que me senti por minha familia, eu e minha filha, me fez muito bem. Tanto sentimento me fez reencontrar em mim pontos positivos que as adversidades da vida haviam me feito esquecer. Não há nada pior que esquecer o nosso próprio valor. E era assim que eu estava antes dessa viagem. Havia me esquecido de quem eu sou...e o porque de ter nascido. Havia me esquecido que estou viva e que sou feliz! Que tenho todos os motivos pra ser feliz de verdade e que sempre fui a mais animada da minha turma, desde a escola. Fui me redescobrindo, como uma aventureira que quer explorar cada cantinho de um novo lugar, e no caso, era cada cantinho de mim que eu tinha q voltar a ver. E vi.
Entre risos, gargalhadas, choros eu pude me ver de novo, como há um bom tempo eu não me via. Me permiti e vivi momentos que jamais esquecerei! Enfim, eu havia encontrado aquilo que eu sabia que ia encontrar. Eu me encontrei de novo. Era isso, que meu sexto sentido aguçado me dizia nas vésperas dessa viagem. Eu teria um encontro crucial comigo mesma. E voltei a viver!
Agradeço principalmente a minha tia Nadir, Renata, Pedro, Juan e tio Reyes. Sem o apoio de vocês, eu não teria encontrado aquilo que eu estava ávida a encontrar. Obrigada pelo amor que me deram a cada momento sem medida. Agradeço à minha mãe, minha irmã, minha filha e meu pai, que mesmo onde está, sei que esteve comigo à todo tempo. Agradeço à festeira Maria Regina, que me acompanhou numa noite animada e cheia de surpresas. Agradeço ao forasteiro hipiie de alma que encontrei por acaso, e que me mostrou com sua filosofia de vida despreendida e feliz, que viver ainda é o meu barato!
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