sábado, 24 de setembro de 2011

Perder-se também é caminho. (Clarice Linspector)



Tenho que admitir. Não adianta mais fugir. É sempre com ele que eu quero estar. Desde sempre. Mesmo quando neguei. Acho que tô perdida. Tenho certeza. Mas é ele. De novo. Pela milésima vez.


Eu Nunca Amei Alguém Como Eu te Amei

Roberto Carlos

Eu nunca amei alguém como eu te amei
Por isso não consigo te esquecer
Esqueça aquilo tudo que eu falei
Mas guarde na lembrança que eu te amo
Há coisas que o tempo não desfaz
Há coisas que a vida pede mais
Se ainda estou tentando me afastar
Meu coração só pensa em voltar
Sorrisos e palavras são tão fáceis
Escondem a saudade que ficou
Mas acho que cansei dos meus disfarces
Quem olha nos meus olhos
Vê que nada terminou
Amor, por tudo isso que hoje eu sei
Não posso nem pensar em te perder
Queria te encontrar pra te dizer...

sábado, 27 de agosto de 2011

Que a força do medo que tenho Não me impeça de ver o que anseio..(Metade/Osvaldo Montenegro)



Acredito que todas as pessoas, independente de credo, raça, situação social, possuem seus medos e frustrações. Algumas passam a vida sem deixar vir a tona. Outros demonstram em alguma adversidade, algum momento em que a vida (ela, sempre a vida), as coloca em alguma encruzilhada.
Tenho feito auto-análises a cada dia. É um misto de alegria e medo, quando conseguimos, sozinhos, detectar em nós mesmos os nossos medos, as nossas falhas, os receios, as travas. Tenho tanta coisa guardada dentro de mim, e agora que tenho tempo de sobra pra me conhecer, tenho me surpreendido.
Sempre, a vida toda, desde que me lembro, me agradou estar rodeada de amigos. Eu sempre valorizei meus amigos e/ou colegas. De personalidade expansiva, alegre, eu sempre era a primeira a começar a rir e a última a parar. Sempre vi a vida como uma parque de diversões. A cada esquina, eu podia encontrar um motivo (bobo, que fosse), pra soltar minhas imensas gargalhadas.
Era bom, que só de lembrar daquele "eu" que agora revejo, sorrio de novo. Um riso tímido, meio de canto, meio envergonhado.
Não só o tempo, os anos, mas os acontecimentos foram me moldando. Hoje sou tão reservada até em meus sorrisos, que realmente acredito que uma grande metamorfose foi acontecendo.
Sei que não sou a única pessoa no mundo que teve parte de sua personalidade mudada por conta da vida. A vida é, com certeza, a mestra mais dedicada. Ela tenta te mostrar de uma forma, se você não vê, ela vai tentando outros métodos. Até que você aprende! E a aprendizado..ah..aprendizado! Este sim, muda você sem ao menos esforço. É automático, natural e indolor.
Hoje consigo, sem engano, entender que preocupações que meus pais tinham com minhas atitudes tinham fundamento. Hoje consigo, sem dor, estar sozinha e feliz, porque estou com o que há de mais verdadeiro neste mundo. Estar rodeada de hipocrisia, jogos de interesses, é fácil. Estar consigo mesma e conseguir ser feliz, é bem complicado.
Nunca me rendi a convenções! Hoje entendo que algumas, são necessárias. Se dobrar ao que a sociedade espera, às vezes te traz frutos que você só vai saborear depois. Não entender isso, é saborear frutos também, mas amargos.

Ao longo dos meus trinta anos tive inúmeras decepções, mas poucas, muito poucas me fizeram crescer. Eu, de natureza teimosa, insistia em viver da mesma forma, numa maneira bem particular de desafiar a vida. Hoje, me rendo á vida, como me rendo aos meus erros, aos meus defeitos, á minha solidão. Agradeço imensamente pelas dores, porque com gente como eu, aprender pelo amor é difícil. Tenho me tornado uma Priscila melhor, mas não perfeita. Me afastar daquilo que me consumia, daquilo que não me acrescentava, já foi um grandissíssimo passo. Me aconchegar em meus próprios braços, me escutar de verdade, me redimir comigo mesma, me perdoar e seguir a diante..é a minha maior vitória!

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…

Quando se vê, já é sexta-feira…

Quando se vê, passaram 60 anos!

Agora, é tarde demais para ser reprovado…

E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,

eu nem olhava o relógio

seguia sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca

dourada e inútil das horas...

(Mário Quintana)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Lá está ela....ela sou eu!



Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça, ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário, por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.
[ Caio Fernando Abreu]

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A Viagem



"Uma longa viagem começa com um único passo."

Lao-Tsé



Partindo do princípio de que esse ano, até então, só tinha me trazido dissabores, dores, decepções e choros, qualquer coisa que eu pudesse fazer pra me tirar do lugar comum, só me faria bem. Foi dessa forma que recebi o convite de minha tia Nadir e minha prima/irmã Renata. É como se nessa viagem, eu fosse encontrar algo muito valioso, que nem eu mesma sabia o que poderia ser. Só tinha essa certeza, dentro de mim, de que seria importante, e de que não seria apenas uma viagem.
Mato Grosso, naquele região em que estive, é riquissimo em cultura diversificada. Canarana é uma cidade que foi colonizada por gaúchos, e abriga de sulenses à indígenas. Por ser cidade muito próxima à Reserva Nacional do Xingu, recebe visitantes inúmeros, desde ricassos anônimos à celebridades, que tem de passar por ali pra chegar à reserva. Além disso, a região é rica em rios, trazendo em todas as épocas do ano pescadores de todas as partes do país, inclusive de outros países também. Levando esses fatores em consideração, é uma cidadezinha que cresce a cada ano, e que está sempre movimentada por um ou outro acontecimento.
Meus familiares moram há mais de dez anos ali, e já tem raízes. Já se adaptaram ao povo, aos costumes, ao tempo árido, aos índios. Desde o momento em que pisei os pés ali, senti uma força maior que me invadiu, primeiramente pela linda recepção de uma parte (e mais importante) de meus familiares e também pela energia que paira naquele lugar. Já me senti rejuvenescida e mais bonita, a partir da chegada.
Nos dias que se seguiram (foram quase vinte ao todo), tive tempo de sobra pra pensar. Pensar em silêncio, eu comigo mesma. Repassar em minha mente acontecimentos, bons e ruins, encontrar respostas, encontrar saídas. A cada passeio eu respirava um novo ar, que me tirava de um estado quase de vegetal em que eu estava antes de ir pra lá.
Sentir-se amada, da forma em que me senti por minha familia, eu e minha filha, me fez muito bem. Tanto sentimento me fez reencontrar em mim pontos positivos que as adversidades da vida haviam me feito esquecer. Não há nada pior que esquecer o nosso próprio valor. E era assim que eu estava antes dessa viagem. Havia me esquecido de quem eu sou...e o porque de ter nascido. Havia me esquecido que estou viva e que sou feliz! Que tenho todos os motivos pra ser feliz de verdade e que sempre fui a mais animada da minha turma, desde a escola. Fui me redescobrindo, como uma aventureira que quer explorar cada cantinho de um novo lugar, e no caso, era cada cantinho de mim que eu tinha q voltar a ver. E vi.
Entre risos, gargalhadas, choros eu pude me ver de novo, como há um bom tempo eu não me via. Me permiti e vivi momentos que jamais esquecerei! Enfim, eu havia encontrado aquilo que eu sabia que ia encontrar. Eu me encontrei de novo. Era isso, que meu sexto sentido aguçado me dizia nas vésperas dessa viagem. Eu teria um encontro crucial comigo mesma. E voltei a viver!

Agradeço principalmente a minha tia Nadir, Renata, Pedro, Juan e tio Reyes. Sem o apoio de vocês, eu não teria encontrado aquilo que eu estava ávida a encontrar. Obrigada pelo amor que me deram a cada momento sem medida. Agradeço à minha mãe, minha irmã, minha filha e meu pai, que mesmo onde está, sei que esteve comigo à todo tempo. Agradeço à festeira Maria Regina, que me acompanhou numa noite animada e cheia de surpresas. Agradeço ao forasteiro hipiie de alma que encontrei por acaso, e que me mostrou com sua filosofia de vida despreendida e feliz, que viver ainda é o meu barato!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Costumes


A morte de meu pai, trouxe consequências tantas em minha vida, que vou descobrindo uma à uma diariamente. Acredito que seja assim com todos que perdem entes amados abruptamente. Ver meu pai agonizando em dezesseis dias, vê-lo perdendo suas faculdades aos poucos, ter que me despedir dele pra sempre, é algo que sinceramente, sei que não conseguirei esquecer e nem superar. É uma dor que está ali, viva, e basta um relance de memória, pra que eu viva tudo outra vez.
Me pego pensando nele em todos os momentos. Nas refeições, quando assisto à algum programa que assistíamos juntos, numa travessura da minha filha, antes de dormir. Já virou uma rotina, me pegar falando com ele, ou o procurando em sua poltrona. Quando tenho um problema ( e são tantos), a palavra incisiva de meu pai talvez me tiraria de algumas situações. Meu pai era o melhor amigo que a vida me deu. E em alguns momentos, eu queria muito o ombro do meu melhor amigo. Parece uma dor egoísta? Talvez! Ele me faz falta como se o ar me faltasse!
Depois de alguns dias sem lágrimas, me deparei com uma música ( e tinha mesmo de ser música, o que mais nos ligava), num DVD de uma cantora espetacular, Paula Fernandes. Neste show ela homenageia Roberto Carlos com a música Costumes.
Quando comecei a ouvir aquela letra, entrei num estado de saudade tão avançado, que as lágrimas vieram talvez como nunca antes. Percebi que a dor da saudade, faz com que associemos qualquer coisa ao ser que nos faz falta, inclusive músicas de amor. Não chorei pelo meu amor perdido, (aquele com quem eu ia me casar), chorei pelo meu pai, e pelas semelhâncias da letra de Roberto Carlos com a nossa rotina. A dor da saudade de alguém que se foi, se assemelha um pouco, à nossa própria morte também.

Costumes

Roberto Carlos

Composição: Roberto Carlos & Erasmo Carlos

Eu pensei
que pudesse esquecer
certos velhos costumes
Eu pensei
que já nem me lembrasse
de coisas passadas

Eu pensei
que pudésse enganar
a mim mesmo dizendo
que essas coisas da vida em comum
não ficavam marcadas

Não pensei
que me fizessem falta
umas poucas palavras
dessas coisas simples
que dizemos antes de dormir

De manhã
o bom dia na cama
a conversa informal
o beijo depois o café
o cigarro e o jornal

Os costumes me falam de coisas
de fatos antigos
não me esqueço das tardes alegres
com nossos amigos

Um final de programa
fim de madrugada
o aconchego na cama
a luz apagda
essas coisas
só mesmo com o tempo
se pode esquecer

E então eu me vejo sozinha como estou agora
e respiro toda a liberdade
que alguém pode ter

De repente ser livre
até me assusta
me aceitar sem você
certas vezes me custa
como posso esquecer dos costumes
se nem mesmo esquecí de você!!!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Companheira...


Meu pai me ensinou muitas coisas desta vida! Mas acho que a mais marcante delas, foi o gosto pela música! Música boa, música de verdade!
Hoje, revivendo algumas lembranças, me deparei com uma música muito antiga, que meu pai tinha em um Lp, que eu consegui furar, de tanto que ouvia. Não lembrava mais do nome, mas assim que bati os olhos no título, recordei da inocência que não tenho mais. Recordei dos sonhos que a vida me levou. Recordei de meu pai, que eu sei que um dia, encontrarei de novo!

Estrela Companheira

Jessé

Boa noite minha estrela companheira
Como vai teu infinito
Teu silencio, esta luz calma
Aqui estou de coração machucado
Sozinho e desconcertado
Pra de novo te falar

Nosso mundo continua como sempre
Confuso e desconcentrado
Tanta coisa eu não entendo
Aqui mesmo em frente a minha janela
Dia a dia cresce um prédio
Que vai te roubar de nos

E eu já cansei de procurar
Onde é que a gente vai parar
Sem teu brilho pra mostrar
Pra onde caminhar

Por isso minha estrela companheira
Te peço a teu infinito
Compreenda não me abandone
Se eu vier de coração machucado
Sozinho e desconcertado
Pra de novo te falar

Nosso mundo não pode ficar parado
Consolo e desconcentrado
Quando enfim tudo é tão simples
Bastaria olhar pro céu de verdade
Tentando achar nas estrelas
Um jeito de se encontrar


J.J., Obrigada! Obrigada meu pai! As melhores lembranças de minha vida, devo à você! Te amo!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Obrigada amor mais lindo que já pude viver!


"Tô bem assim, bem indiferente. O coração, um cactus. Não me importo mais." Caio Fernando Abreu.


Passar quatro dias e três noites no meio do nada, sempre há de servir pra alguma coisa. Foi pensando assim que fui, rodeada de amigos para aquele lugar. Cercada de verde, flores, pássaros, brisa leve, pude pensar numa vida inteira sem achar que meu cérebro daria uma pane. A primeira noite foi tenebrosa, resolvi criar fobias pra ter uma desculpa pra não dormir. Todos descansavam seus corpos e eu ali, de olhos bem abertos para receber um monstro que eu sabia que só existia dentro de mim. E assim eu pude constatar que o monstro queria ser ouvido. Meus anseios, medos, decepções se mesclavam com o coachar de um sapo, piado de algum bicho que não sei o nome ou aquele cantar que as corujas dão pra avisar que é noite alta e elas estão sempre ali, como guardiãs de algo que possa acontecer na noite preta. Porque a noite no campo, acompanhada de insônia e de um monstro interior é preta...muito preta. Tive enfim a oportunidade de conversar comigo mesma e perceber que tudo nessa vida tem um propósito maior, que meus erros não dão o direito de eu ser julgada pelos outros, pelos que amo e principalmente - e essa é a parte mais profunda de tudo - ser julgada por mim mesma.
Com o nascer de um sol escandalosamente convidativo, fingi acordar de um sono que não aconteceu. E era um dia em que eu enfim havia entendido a mim mesma, e o porque de estar tão triste. E é quando entendemos o nosso sofrimento que podemos lutar contra ele. Afinal, todo mundo nasceu pra ser feliz e é isso que quero também. Descobri que estou bem agora, porque me entendo e só eu mesma pra me entender.


"A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio."

Acabar um relacionamento de três anos, aquele que eu tinha certeza que era o definitivo, não foi nada fácil. Antes de conseguir ouvir meu monstro interior, eu me culpava por cada lágrima que eu ainda chorava por ter acabado. Pior que acabar é sentir culpa pelo fim. E era assim que eu me sentia. Culpada, dilacerada! Mas, tudo na vida conspira á favor do melhor entendimento. Logo após terminarmos, alguns dias depois, o homem que dizia que me amava acima dele mesmo, telefonou para a pessoa que me ama acima dela mesma. Desabafou, se explicou, falou, falou e falou. Só não disse que me amava. Não disse que apesar de meus erros, apesar de meus exageros, apesar dos pesares, ele me amava. Não disse. Ponto.
Foi a partir daí que eu tive q enfrentar a noite preta, o medo do monstro, me ouvir cuidadosamente pra reagir.
Mais uma vez, como em todas as outras de diferentes circunstâncias, foi ele quem me ajudou. Foi apontando tantos defeitos em mim, alguns que eu nem conhecia, que ele mais uma vez, me tirou da lama. Me sinto grata à esse homem por mais isso. Ele , como sempre, tem a palavra certa na hora correta.

Nos dias que se seguiram, foi tudo tão maravilhoso, que eu me sentia realmente num sonho acordada. Intermináveis risadas, daquelas bem escandalosas que costumo dar desde a infância, e que um dia ouvi escondido meu pai dizer que era o mais bonito em mim. Meu pai sempre teve razão a respeito de mim. Ri muito, dancei, nadei, corri, saltei..vivi!
Estou de volta á minha casa. Estou de volta à vida. Estou de volta a mim.

Obrigada querido amor. O amor mais doce que já pude viver. Sua sabedoria foi soberana querido carioca do falar arrastado. Querido menino, sempre menino do meu coração! Obrigada! Deixar de me amar ajudou-me a voltar a me amar! Obrigada!