segunda-feira, 27 de junho de 2011

Obrigada amor mais lindo que já pude viver!


"Tô bem assim, bem indiferente. O coração, um cactus. Não me importo mais." Caio Fernando Abreu.


Passar quatro dias e três noites no meio do nada, sempre há de servir pra alguma coisa. Foi pensando assim que fui, rodeada de amigos para aquele lugar. Cercada de verde, flores, pássaros, brisa leve, pude pensar numa vida inteira sem achar que meu cérebro daria uma pane. A primeira noite foi tenebrosa, resolvi criar fobias pra ter uma desculpa pra não dormir. Todos descansavam seus corpos e eu ali, de olhos bem abertos para receber um monstro que eu sabia que só existia dentro de mim. E assim eu pude constatar que o monstro queria ser ouvido. Meus anseios, medos, decepções se mesclavam com o coachar de um sapo, piado de algum bicho que não sei o nome ou aquele cantar que as corujas dão pra avisar que é noite alta e elas estão sempre ali, como guardiãs de algo que possa acontecer na noite preta. Porque a noite no campo, acompanhada de insônia e de um monstro interior é preta...muito preta. Tive enfim a oportunidade de conversar comigo mesma e perceber que tudo nessa vida tem um propósito maior, que meus erros não dão o direito de eu ser julgada pelos outros, pelos que amo e principalmente - e essa é a parte mais profunda de tudo - ser julgada por mim mesma.
Com o nascer de um sol escandalosamente convidativo, fingi acordar de um sono que não aconteceu. E era um dia em que eu enfim havia entendido a mim mesma, e o porque de estar tão triste. E é quando entendemos o nosso sofrimento que podemos lutar contra ele. Afinal, todo mundo nasceu pra ser feliz e é isso que quero também. Descobri que estou bem agora, porque me entendo e só eu mesma pra me entender.


"A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio."

Acabar um relacionamento de três anos, aquele que eu tinha certeza que era o definitivo, não foi nada fácil. Antes de conseguir ouvir meu monstro interior, eu me culpava por cada lágrima que eu ainda chorava por ter acabado. Pior que acabar é sentir culpa pelo fim. E era assim que eu me sentia. Culpada, dilacerada! Mas, tudo na vida conspira á favor do melhor entendimento. Logo após terminarmos, alguns dias depois, o homem que dizia que me amava acima dele mesmo, telefonou para a pessoa que me ama acima dela mesma. Desabafou, se explicou, falou, falou e falou. Só não disse que me amava. Não disse que apesar de meus erros, apesar de meus exageros, apesar dos pesares, ele me amava. Não disse. Ponto.
Foi a partir daí que eu tive q enfrentar a noite preta, o medo do monstro, me ouvir cuidadosamente pra reagir.
Mais uma vez, como em todas as outras de diferentes circunstâncias, foi ele quem me ajudou. Foi apontando tantos defeitos em mim, alguns que eu nem conhecia, que ele mais uma vez, me tirou da lama. Me sinto grata à esse homem por mais isso. Ele , como sempre, tem a palavra certa na hora correta.

Nos dias que se seguiram, foi tudo tão maravilhoso, que eu me sentia realmente num sonho acordada. Intermináveis risadas, daquelas bem escandalosas que costumo dar desde a infância, e que um dia ouvi escondido meu pai dizer que era o mais bonito em mim. Meu pai sempre teve razão a respeito de mim. Ri muito, dancei, nadei, corri, saltei..vivi!
Estou de volta á minha casa. Estou de volta à vida. Estou de volta a mim.

Obrigada querido amor. O amor mais doce que já pude viver. Sua sabedoria foi soberana querido carioca do falar arrastado. Querido menino, sempre menino do meu coração! Obrigada! Deixar de me amar ajudou-me a voltar a me amar! Obrigada!

Nenhum comentário:

Postar um comentário