quinta-feira, 30 de junho de 2011

Costumes


A morte de meu pai, trouxe consequências tantas em minha vida, que vou descobrindo uma à uma diariamente. Acredito que seja assim com todos que perdem entes amados abruptamente. Ver meu pai agonizando em dezesseis dias, vê-lo perdendo suas faculdades aos poucos, ter que me despedir dele pra sempre, é algo que sinceramente, sei que não conseguirei esquecer e nem superar. É uma dor que está ali, viva, e basta um relance de memória, pra que eu viva tudo outra vez.
Me pego pensando nele em todos os momentos. Nas refeições, quando assisto à algum programa que assistíamos juntos, numa travessura da minha filha, antes de dormir. Já virou uma rotina, me pegar falando com ele, ou o procurando em sua poltrona. Quando tenho um problema ( e são tantos), a palavra incisiva de meu pai talvez me tiraria de algumas situações. Meu pai era o melhor amigo que a vida me deu. E em alguns momentos, eu queria muito o ombro do meu melhor amigo. Parece uma dor egoísta? Talvez! Ele me faz falta como se o ar me faltasse!
Depois de alguns dias sem lágrimas, me deparei com uma música ( e tinha mesmo de ser música, o que mais nos ligava), num DVD de uma cantora espetacular, Paula Fernandes. Neste show ela homenageia Roberto Carlos com a música Costumes.
Quando comecei a ouvir aquela letra, entrei num estado de saudade tão avançado, que as lágrimas vieram talvez como nunca antes. Percebi que a dor da saudade, faz com que associemos qualquer coisa ao ser que nos faz falta, inclusive músicas de amor. Não chorei pelo meu amor perdido, (aquele com quem eu ia me casar), chorei pelo meu pai, e pelas semelhâncias da letra de Roberto Carlos com a nossa rotina. A dor da saudade de alguém que se foi, se assemelha um pouco, à nossa própria morte também.

Costumes

Roberto Carlos

Composição: Roberto Carlos & Erasmo Carlos

Eu pensei
que pudesse esquecer
certos velhos costumes
Eu pensei
que já nem me lembrasse
de coisas passadas

Eu pensei
que pudésse enganar
a mim mesmo dizendo
que essas coisas da vida em comum
não ficavam marcadas

Não pensei
que me fizessem falta
umas poucas palavras
dessas coisas simples
que dizemos antes de dormir

De manhã
o bom dia na cama
a conversa informal
o beijo depois o café
o cigarro e o jornal

Os costumes me falam de coisas
de fatos antigos
não me esqueço das tardes alegres
com nossos amigos

Um final de programa
fim de madrugada
o aconchego na cama
a luz apagda
essas coisas
só mesmo com o tempo
se pode esquecer

E então eu me vejo sozinha como estou agora
e respiro toda a liberdade
que alguém pode ter

De repente ser livre
até me assusta
me aceitar sem você
certas vezes me custa
como posso esquecer dos costumes
se nem mesmo esquecí de você!!!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Companheira...


Meu pai me ensinou muitas coisas desta vida! Mas acho que a mais marcante delas, foi o gosto pela música! Música boa, música de verdade!
Hoje, revivendo algumas lembranças, me deparei com uma música muito antiga, que meu pai tinha em um Lp, que eu consegui furar, de tanto que ouvia. Não lembrava mais do nome, mas assim que bati os olhos no título, recordei da inocência que não tenho mais. Recordei dos sonhos que a vida me levou. Recordei de meu pai, que eu sei que um dia, encontrarei de novo!

Estrela Companheira

Jessé

Boa noite minha estrela companheira
Como vai teu infinito
Teu silencio, esta luz calma
Aqui estou de coração machucado
Sozinho e desconcertado
Pra de novo te falar

Nosso mundo continua como sempre
Confuso e desconcentrado
Tanta coisa eu não entendo
Aqui mesmo em frente a minha janela
Dia a dia cresce um prédio
Que vai te roubar de nos

E eu já cansei de procurar
Onde é que a gente vai parar
Sem teu brilho pra mostrar
Pra onde caminhar

Por isso minha estrela companheira
Te peço a teu infinito
Compreenda não me abandone
Se eu vier de coração machucado
Sozinho e desconcertado
Pra de novo te falar

Nosso mundo não pode ficar parado
Consolo e desconcentrado
Quando enfim tudo é tão simples
Bastaria olhar pro céu de verdade
Tentando achar nas estrelas
Um jeito de se encontrar


J.J., Obrigada! Obrigada meu pai! As melhores lembranças de minha vida, devo à você! Te amo!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Obrigada amor mais lindo que já pude viver!


"Tô bem assim, bem indiferente. O coração, um cactus. Não me importo mais." Caio Fernando Abreu.


Passar quatro dias e três noites no meio do nada, sempre há de servir pra alguma coisa. Foi pensando assim que fui, rodeada de amigos para aquele lugar. Cercada de verde, flores, pássaros, brisa leve, pude pensar numa vida inteira sem achar que meu cérebro daria uma pane. A primeira noite foi tenebrosa, resolvi criar fobias pra ter uma desculpa pra não dormir. Todos descansavam seus corpos e eu ali, de olhos bem abertos para receber um monstro que eu sabia que só existia dentro de mim. E assim eu pude constatar que o monstro queria ser ouvido. Meus anseios, medos, decepções se mesclavam com o coachar de um sapo, piado de algum bicho que não sei o nome ou aquele cantar que as corujas dão pra avisar que é noite alta e elas estão sempre ali, como guardiãs de algo que possa acontecer na noite preta. Porque a noite no campo, acompanhada de insônia e de um monstro interior é preta...muito preta. Tive enfim a oportunidade de conversar comigo mesma e perceber que tudo nessa vida tem um propósito maior, que meus erros não dão o direito de eu ser julgada pelos outros, pelos que amo e principalmente - e essa é a parte mais profunda de tudo - ser julgada por mim mesma.
Com o nascer de um sol escandalosamente convidativo, fingi acordar de um sono que não aconteceu. E era um dia em que eu enfim havia entendido a mim mesma, e o porque de estar tão triste. E é quando entendemos o nosso sofrimento que podemos lutar contra ele. Afinal, todo mundo nasceu pra ser feliz e é isso que quero também. Descobri que estou bem agora, porque me entendo e só eu mesma pra me entender.


"A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio."

Acabar um relacionamento de três anos, aquele que eu tinha certeza que era o definitivo, não foi nada fácil. Antes de conseguir ouvir meu monstro interior, eu me culpava por cada lágrima que eu ainda chorava por ter acabado. Pior que acabar é sentir culpa pelo fim. E era assim que eu me sentia. Culpada, dilacerada! Mas, tudo na vida conspira á favor do melhor entendimento. Logo após terminarmos, alguns dias depois, o homem que dizia que me amava acima dele mesmo, telefonou para a pessoa que me ama acima dela mesma. Desabafou, se explicou, falou, falou e falou. Só não disse que me amava. Não disse que apesar de meus erros, apesar de meus exageros, apesar dos pesares, ele me amava. Não disse. Ponto.
Foi a partir daí que eu tive q enfrentar a noite preta, o medo do monstro, me ouvir cuidadosamente pra reagir.
Mais uma vez, como em todas as outras de diferentes circunstâncias, foi ele quem me ajudou. Foi apontando tantos defeitos em mim, alguns que eu nem conhecia, que ele mais uma vez, me tirou da lama. Me sinto grata à esse homem por mais isso. Ele , como sempre, tem a palavra certa na hora correta.

Nos dias que se seguiram, foi tudo tão maravilhoso, que eu me sentia realmente num sonho acordada. Intermináveis risadas, daquelas bem escandalosas que costumo dar desde a infância, e que um dia ouvi escondido meu pai dizer que era o mais bonito em mim. Meu pai sempre teve razão a respeito de mim. Ri muito, dancei, nadei, corri, saltei..vivi!
Estou de volta á minha casa. Estou de volta à vida. Estou de volta a mim.

Obrigada querido amor. O amor mais doce que já pude viver. Sua sabedoria foi soberana querido carioca do falar arrastado. Querido menino, sempre menino do meu coração! Obrigada! Deixar de me amar ajudou-me a voltar a me amar! Obrigada!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Tô indo pro campo....


Dizem que uma das melhores formas de se achegar a Deus é estar em meio à natureza. E é pra lá que eu vou. Não sei que dia volto...só sei que vou com as malar cheias de esperança de voltar melhor. Estar isolada me ajudará a pensar melhor. E estar com Deus reequilibrará minhas energias.
Até a volta!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Lama - Luxúria


Não, não dê mais tantas voltas, não.
Se chicoteia assim por qualquer perdão.
Todo esse teatro não impressiona
Por maior que seja sua recompensa
Não se importe tanto assim
Com sua imagem decadente enfim.
Nada adianta depois se lamentar
Por maior que seja sua displiscência
Volta, ou vai embora, meu amor.
Sem ameaças ensaiadas na frente do espelho.
O caminho mais fácil nem sempre é melhor que o da dor.

Dê uma chance pra vida te mostrar
Um jeito menos doloroso de se despedir.
Não seja assim tão duro amor com as palavras.
Lave bem as suas mãos antes de se decidir.
Tira essa lama das botas
Antes de me dar as costas.


Recado à Priscila



E a tarde que pensava que já era manhã do outro dia, sequer imaginava que aquela seria sua última noite.
Morejou a preguiça demoradamente e nem ousou ter sonhos.
A sua vida se alinhava com o sol, e o crepúsculo, o ósculo do dia.
E não chegou a se banhar no brilho das estrelas, tampouco chegou vê-las entristecidas.
Explode o silêncio das horas cansadas, a canção que o Universo desconhecido transmite e torna-te, filha minha, essa pessoa tão sôfrega, capenga, como uma lenda antiga.
Filha, amiga, não fomos feitos para os açoites dos acontecimentos, somos os folguedos de breves momentos, de alguns segundos de paz, e jaz, imperfeitamente filha, a ilha deserta que és, não o tesouro escondido, mas ele à mostra, na sobrevida, no desejo recôndito da felicidade.
Como se a saudade estivesse lá à sua frente, como uma saudade ainda a ser construida, qual uma vida a principiar ser vivida, como que se esta fosse apenas uma amostra, um caso a ser acontecido, que me virá um dia filha, de novo, com a mesma visagem e paisagem do seu ser.

(J.J.Grou)

sábado, 18 de junho de 2011

30 Seconds To Mars - The Kill


O Assassinato

E se eu quisesse terminar?
Rir de tudo na sua cara
O que você faria?
E se eu caísse no chão?
Não pudesse mais aguentar
O que você faria?

Venha me destruir!
Me enterre, me enterre!
Eu terminei com você!

E se eu quisesse lutar?
Implorar pelo resto da minha vida
O que você faria?
Você diz que queria mais
O que você está esperando?
Não estou correndo de você

Venha me destruir!
Me enterre, me enterre!
Eu terminei com você!

Olhe nos meus olhos
Você está me matando, me matando!
Tudo que eu queria era você!

Eu tentei ser alguém que não sou,
Mas nada pareceu mudar
E eu sei agora, isto é o que eu realmente sou!
Finalmente eu me encontrei!
Lutando por uma chance,
Agora sei quem realmente sou!


Venha me destruir!
Me enterre, me enterre!
Eu terminei com você,você,você !

Olhe nos meus olhos!
Você está me matando, me matando!
Tudo que eu queria era você!
Venha me destruir!
Me destruir, me destruir

E se eu quisesse terminar?

Balzaca...Balzaquiana


(Balzaquiana ou mulher balzaquiana é uma expressão que surgiu após a publicação do livro A Mulher de Trinta Anos (1831-32) do francês Honoré de Balzac e que se refere às mulheres na casa dos 30 e, atualmente, também às mulheres de 40 anos. Em seu livro, Balzac faz uma apologia às mulheres de mais idade que, emocionalmente amadurecidas, podem viver o amor com maior plenitude - em completa oposição a tradicional figura da moça romântica que nos livros tinham no máximo 20 anos. Sua personagem principal, Júlia d`Àiglemont, é o grande retrato da mulher mal casada, que após anos de infelicidade,ao chegar aos 30 consegue encontrar o amor nos braços de Carlos Vandenesse - Fonte: Wikipédia)

Completar 30 anos era realmente uma preocupação. Me lembro da idéia que eu fazia das mulheres de 30 anos quando eu tinha 15. E, como tudo na vida, num piscar de olhos, eu já era parte das estatísticas. A estatística das mulheres balzaquianas. Mas, é tudo tão complicado quando se sente na pele algo que antes só se lia, ou ouvia! A teoria é sempre mais fácil na minha vida. Na prática, geralmente sou decepcionante. E essa afirmação se aplica à todos os setores, e o engraçado de tudo é eu ter a consciência disso. Mas acho que só hoje tenho. Ter trinta anos faz realmente você ter outra visão do mundo e do seu próprio mundo.
Ta aí, na minha concepção, ter 30 anos é fazer as mesmas bobagens de antes, com uma importante diferença: você tem consciência de que está fazendo bobagem!
Ter trinta anos pra mim, é saber que cheguei pelo ao menos na metade do caminho. Mas, o que me incomoda é: esse caminho está correto? Ter trinta anos é sobretudo questionar. Questionar à tudo e a todos, e principalmente, questionar você mesmo. Conservo características dos 15 anos aos 30 anos. Ouvir música alta. Falar palavrão (com a diferença de que agora sou fluente). Agir por impulso. Me arrepender quase que imediatamente, mas muitas vezes não admitindo. Ainda sou orgulhosa, pra ser sincera, hoje sou muito mais. Ter trinta anos e ser mãe solteira também muda o quadro. Porque sou mulher, tenho 30 anos, sou solteira e...sou mãe. Apesar de me sentir um ser altamente moderno (rs), nesse quadro, parece-me que algo está fora do lugar. É como um quebra-cabeças que falta peças. Esse quadro mulher/mãe/solteira/com 30 anos. É aí que se percebe o quanto se sonha aos 15. Cadê o modelo de família feliz que idealizei naquela época, composto de pai, mãe e filhos? Não rolou. Mas, devo dizer, talvez tenha sido melhor assim. Porque sendo do jeito que é, me ensina muito. E o amor da mulher/mãe/com 30 anos é duplicado!!! Com trinta anos a gente consegue mesmo enchergar melhor algumas coisas. Consigo de verdade ver que em tudo há algo que vale a pena. Até em ter trinta anos.
Fazer do limão uma limonada! A definição perfeita do meu jeito balzaquiano de ser!

Obs: E o príncipe? Aquele do cavalo branco, que toda menina de 15 anos espera? Bom, tá aí assunto pra outro post! E viva a maturidade!!!!!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ah Bruta Flor do Querer....


Inúmeras vezes ele me dizia que o cara era bom. Bom não, ótimo. Eu discordava. O cara era marrento, estranho..Ele teimava. Melhor que o cara, só o Chico, aquele Buarque de Hollanda. O Chico eu também achava, talvez por genética. O tempo passou e continuávamos nesse conflito de opinião. Ele se foi, e o cara continua aí, arrebatando fãs. Numa madrugada ociosa, teimei em prestar atenção. É genética pai, você estava certo. Ele realmente é muito bom.


Como forma de me redimir, pai....homenageio essa minha teimosia em ver o óbvio que você me mostrava, batizando esse blog de "O Quereres..." Homenagem ao "cara" Caetano. Homenagem à saudades dos nossos teimosos confrontos de opinião.